A engorda de bovinos a pasto é o método mais utilizado no Brasil. A pecuária extensiva tem mostrado boa rentabilidade para a maior parte dos produtores brasileiros. No período anterior ao abate a engorda é chamada de terminação a pasto. Nela, o gado atinge seu peso final para adequar-se à comercialização ao frigorífico.

Você vai ver nesse artigo:

  • Vale a pena a engorda a pasto?
  • Qual o melhor período para iniciar a engorda a pasto?
  • Prazo ideal para a engorda a pasto
  • Fatores que influenciam a engorda a pasto
  • Quantos quilos um boi engorda por dia no pasto?
  • Qual o peso de abate do gado?
  • Engorda de bovinos a pasto com suplementação
  • Como pesar o gado?

Vale a pena a engorda a pasto?

Segundo a renomada pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Valéria Pacheco Batista Euclides, bovinos criados a pasto viabilizam a competitividade brasileira, pois o custo de produção é mais barato quando comparado ao confinamento.

Qual o melhor período para iniciar a engorda a pasto?

O melhor período para iniciar a engorda a pasto é no começo da época das águas, por volta do meio de setembro e princípio de outubro. Assim, o gado estará em processo de engorda na primeira época das águas, durante uma época seca, sendo finalizado na segunda época das águas. Portanto, os animais não passarão por duas secas, período em que a quantidade/qualidade da pastagem é inferior.

Prazo ideal para a engorda a pasto

O ritmo do ganho de peso dos animais em terminação é fundamental para a lucratividade, pois quando mais curto o tempo para a engorda, menores serão os custos de produção. O processo de engorda a pasto pode acontecer em 18 meses.

Para se obter bons resultados em ganho de peso a pasto, o produtor deve investir em melhoramento genético e ter pasto formado em solo de qualidade. Para isto, o mesmo precisa de auxílio de um técnico especialista, que cuidará de todos os detalhes desta etapa tão importante.

Fatores que influenciam a engorda a pasto:

Vários fatores podem influenciar a engorda a pasto. Entre eles estão:

Época do ano:

O sistema de engorda a pasto pode ser fracionado em dois períodos:

Época das águas (primavera/verão): quando ocorre o melhor desenvolvimento e produção das forrageiras, que pode se converter em alto desempenho animal;

Época seca (outono/inverno): quando ocorre queda na produção forrageira devido à menor quantidade de chuva, menor temperatura e menor fotoperíodo (tempo de exposição à luz por dia). Esta queda na produção atrasa o desempenho animal, e pode até mesmo, ocasionar perdas de peso.

Raça:

Ao selecionar uma raça de gado para engorda a pasto, o ponto principal a ser considerado é a resistência dos animais às condições a pasto, como altas temperaturas, umidade elevada na época das águas, presença de parasitas externos e internos.

Raças europeias apresentam graves limitações quanto à adaptação a essas condições. Por isso, raramente apresentam bom desempenho nas condições de pastagens do Brasil.

Por outro lado, as raças zebuínas são adaptadas e se desenvolvem bem em sistemas de produção a pasto. Entre estas raças, vale ressaltar a raça Nelore, que é a mais difundida em todo país, na criação de animais puros e em cruzamentos, inclusive o industrial.

Capacidade de suporte do pasto:

A pastagem deve ser, literalmente, cultivada como uma lavoura de capim. É importante respeitar os seguintes aspectos para que as plantas consigam se desenvolver:

Reposição de nutrientes do solo: A amostragem de solo bem feita e a análise de solo são necessárias para uma adequada recomendação de calagem e adubação das forrageiras, visando a reposição dos nutrientes do solo.

Crescimento da planta: O crescimento da forrageira deve ser respeitado para que a mesma possa se desenvolver adequadamente e, assim, possibilitar ganho de peso desejado ao gado. Uma dica de ouro é manejar a forrageira de acordo com a altura de entrada e saída indicadas.

Suplementação mineral:

É de conhecimento geral que as pastagens não conseguem suprir totalmente as exigências de minerais do gado. Em virtude disto, a suplementação mineral, apesar de representar menos de 10% do custo de produção e 1% do total médio anual de alimento ingerido pelo gado, é essencial para o sucesso da terminação a pasto.

Tamanho do lote:

Os bovinos possuem hierarquias definidas. Normalmente, 20% dos animais são mais fortes, 70% normais e 10% são mais fracos.

Ao aplicar isto no tamanho do lote, caso tenhamos um lote de 100 animais, 10 destes serão mais fracos. Estes bovinos mais fracos comerão e beberão em piores condições. Em lote de 50 animais, 5 serão fracos e em lote de 20, 2 serão fracos. Com isso, podemos perceber que a redução do tamanho do lote gera redução do número de animais fracos dentro de um grupo, possibilitando mais homogeneidade de ganho de peso em toda a fazenda. Assim, respeitar o tamanho dos lotes por categoria, minimiza disputas e um lote harmônico expressa melhor o potencial de ganho.

Outro aspecto influenciado pelo tamanho é a necessidade de áreas maiores. Em áreas grandes, os animais consomem nas áreas próximas ao cocho, o que pode levar ao pastejo desuniforme do pasto, acarretando superpastejo próximo ao malhadouro e subpastejo em áreas mais afastadas.

Sanidade:

A sanidade é fator determinante para que o gado expresse seu potencial produtivo. A presença de endo e ectoparasitas consomem nutrientes e energia dos animais, comprometendo o ganho de peso. Portanto, deve-se ter um planejamento sanitário bem definido.

Quantos quilos um boi engorda por dia no pasto?

Segundo o Doutor em Zootecnia Marco Aurélio Factori, em sistemas produtivos, o ganho de peso em pastagens (sem suplementação) é ao redor de 600 gramas por dia no verão e de 0 a 150 gramas no inverno, em sistemas bem manejados.

Isto ocorre porque, como relatado anteriormente, a planta apresenta seu melhor desenvolvimento na época das águas (verão), com nível de qualidade consideráveis (alta proteína, média energia e baixa fibra).

Qual o peso de abate do gado?

O peso recomendado para abate do gado é entre 450 a 500 kg, variando conforme a raça ou cruzamento realizado. Em virtude disto, o novilho a ser terminado deve pesar cerca de 330 kg se for Nelore puro e 380 kg ou mais se for mestiço meio sangue, por exemplo.

A definição do peso mínimo é imprescindível para que o animal obtenha o peso de abate dentro do prazo programado para a engorda.

Engorda de bovinos a pasto com suplementação

A suplementação via cocho é largamente utilizada pelos pecuaristas, visando garantir a manutenção do peso alcançado na época das águas, ou ainda, conseguindo pequenos ganhos.

A não realização de suplementação energética, e principalmente, a proteica, facilita a ocorrência do denominado “efeito sanfona” ou “boi sanfona”. Este efeito, muito conhecido entre os pecuaristas, ocorre quando o gado ganha peso na época das águas e perde na época seca, o que compromete diretamente o desenvolvimento do animal, fazendo com que chegue ao peso de abate com idade superior a 4 anos, atrasando o ciclo produtivo.

As vantagens da suplementação são:

  • evitar a subnutrição;
  • melhorar a eficiência alimentar;
  • aumentar a taxa de lotação das pastagens e diminuir a idade de abate
  • Auxilia no planejamento da venda dos animais, pois permite que seja realizada no momento da entressafra, quando se tem os melhores preços.
  • Antecipa a venda dos animais devido a melhores ganhos de peso, diminuindo a idade de abate, o que viabiliza o giro de capital, fazendo com que o sistema seja mais eficiente.

Tipos de suplementação:

Sal mineral com ureia: é a alternativa de suplementação de menor custo para época seca. O objetivo é a manutenção de peso dos animais durante a estiagem.

Sal mineral proteinado: é um suplemento mineral enriquecido com fontes de proteína verdadeira (como com farelo de soja, por exemplo) e ureia. O proteinado tem maior custo que o sal com ureia, mas por ser fornecido em menor quantidade, torna-se mais vantajoso do ponto de vista econômico.

Sal mineral proteico energético: é uma mistura que atende a exigência mineral, além de ser fonte de proteína e energia. É composto por ureia, minerais, fontes de proteína verdadeira (farelo de soja, por exemplo) e com fontes de energia (milho, por exemplo). O objetivo do fornecimento é viabilizar o máximo desempenho em pastagens.

Como pesar o gado?

Os animais podem ser pesados de diversas formas. Hoje, com o aumento da inserção de tecnologia no campo, a lida com o gado vem sendo facilitada.

Balanças:

O método mais convencional para pesagem do gado. Contudo, não são todas as propriedades que possuem balança. 

Fita métrica:

Para realizar a pesagem com a fita métrica, posicione-a imediatamente atrás da paleta e meça o diâmetro corporal. Cada centímetro na fita equivale a 2,8kg. Assim, basta multiplicar o diâmetro por 2,8 para obter o peso aproximado do animal.

Agroninja:

A Agroninja é uma empresa húngara que desenvolveu um aplicativo de smartphone que possibilita a pesagem do gado por meio de uma foto. O nome do aplicativo é Beefie, já foi testado na Hungria e deve chegar brevemente ao Brasil. A ferramenta consegue precisão de 95%, pois é acoplada a um sistema de análise de dados.

Usualmente, os produtores pesam o gado na entrada e saída da engorda e durante as vacinações. Aproveitando assim, o fato de que o animal já passará pelo tronco.

De acordo com o Zootecnista Artur Pinheiro, pesquisas apontam perda de 0,5 a 1,0@ devido ao estresse gerado aos animais no momento da pesagem. Contudo, a pesagem e o acompanhamento do ganho médio diário são extremamente importantes.

Isto demonstra, ainda mais, a relevância do desenvolvimento de novas tecnologias, como o aplicativo criado pela Agroninja, onde os animais podem ser pesados por meio de uma fotografia, sem gerar estresse aos mesmos.