Responsáveis por boa fatia dos custos de produção e perdas de produtividade, a presença de pragas em lavouras é sinônimo de desperdício de dinheiro, insumo e mão de obra.

Por isso, o controle de pragas deve ser uma estratégia de manejo muito bem estruturada e planejada. De maneira que seja realizada ainda no início das infecções, pois assim, os custos para o controle e danos às culturas serão menores.

O que são pragas agrícolas?

Pragas agrícolas são organismos capazes de causar danos à produção da lavoura: insetos, doenças e plantas daninhas. Normalmente, os danos podem impactar o rendimento ou a qualidade do produto a ser consumido, ocasionando prejuízos financeiros.

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Embrapa, as principais pragas que atacam a lavoura são:

  • Lagarta Armigera (Helicoverpa armigera);
  • Broca-do-café (Hypothenemus hampei);
  • Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum);
  • Cochonilhas (Dactylopius coccus);
  • Mosca-das-frutas (e do caribe);
  • Ácaros;
  • Ferrugem da soja (Phakopsora pachyrhizie);
  • Mosca branca (Bemisia tabaci);
  • Bicudo do algodoeiro (Antonomus grandis). 

Tipos de controle de pragas

A técnica mais utilizada no mercado para combater as pragas agrícolas é o controle químico, ou seja, usar agrodefensivos. Contudo, outros métodos têm sido desenvolvidos e aplicados nas lavouras para complementar e reduzir o uso de defensivos. Entenda abaixo cada tipo de controle!

Controle Químico

No controle de pragas químico são aplicados diferentes produtos químicos com o intuito de matar as pragas com mais praticidade.

Conhecidos como pesticidas, esses compostos químicos são capazes de eliminar as pragas, ao serem aplicados direta ou indiretamente sobre a área afetada. Em suma, eles podem ser classificados como fungicidas, inseticidas, herbicidas, bactericidas e etc.

O inseticida, por exemplo, é o método de controle de pragas preferido dos agricultores. Por esse motivo, separamos algumas vantagens:

  • Excelente custo-benefício;
  • Rápida ação, matam os insetos em questões de minutos ou horas após o contato;
  • Seguro ao homem e ao meio ambiente, quando utilizados de maneira correta, respeitando as regras de aplicação estabelecidas pelo Ministério da Agricultura.

Entretanto, mesmo com sua rápida e eficiente ação, o uso desses produtos vêm sendo reduzido. Isso porque, na maioria das vezes, ocasionam o desenvolvimento de populações resistentes do inseto, promovem controle temporário, desequilíbrio biológico, ressurgência ou aparecimento de novas pragas, efeitos prejudiciais ao homem e outros animais, além de possuir um custo alto. 

Assim sendo, recomenda-se utilizar desse manejo apenas quando a praga estiver em níveis populacionais críticos ou chegar a danos que justifiquem o custo do tratamento e os riscos ao meio ambiente e ao homem.

Controle de Pragas Biológico

O controle biológico de pragas é um método que utiliza de inimigos naturais para matar e controlar as pragas, ou seja, não prejudica ou representa qualquer ameaça ao meio ambiente ou às pessoas.

Os inimigos naturais são divididos em três grupos:

  • Entomopatógenos: são microrganismos que causam doenças nos insetos-praga e os matam;
  • Parasitóides: organismos que se desenvolvem no interior dos hospedeiros (ex.: quando a Cotesia flavipes parasita a broca-da-cana) ;
  • Predadores: organismos que matam suas presas e as consomem (ex.: joaninha predando o pulgão).

Esse método baseia-se principalmente em relações naturais como: parasitismo, herbivoria, predação, etc. Além do mais, não existe resistência das pragas perante o método de controle biológico.

Resumidamente, existem três métodos de controle biológico: clássico, de conservação e de aumento. 

Apesar de ser seguro, o controle biológico introduz outro organismo ao ambiente natural, o que pode ocasionar outros problemas. E mais, mesmo auxiliando na redução dos níveis de pragas, ele não elimina completamente como o controle químico. O ideal é combinar ambos os controles de uma maneira que não cause danos ao meio ambiente e a saúde humana.

Controle de Pragas Cultural

O controle de pragas cultural consiste na estratégia de tornar a cultura ou o habitat inóspito para as pragas, para então reduzir a sua incidência. Assim sendo uma forma de controle sem a aplicação de produtos, sejam eles de origem química, orgânica ou biológica.

Estratégias de manejo cultural pode e devem ser adotados em todas as propriedades agrícolas, desde que trabalhando as práticas de maneira adequada. Dentre elas, as mais comuns são:

Aração do solo: preparar o solo através de operações de aração e gradagem desfazem o habitat de alguns insetos habitantes do solo, como os corós. Por consequência, reduzindo a população dessas pragas.

Época de semeadura e colheita: atrasar ou antecipar os períodos de semeadura e colheita pode favorecer a sua cultura, isso porque estará aproveitando as épocas de menor ocorrência de pragas, em função das condições climáticas serem desfavoráveis ao seu desenvolvimento.

Rotação de culturas: esse controle utiliza da “quebra” do ciclo de desenvolvimento das pragas, já que retira a cultura hospedeira principal, para reduzir as perdas. Essa prática é eficiente quando a rotação incluir plantas de famílias botânicas diferentes, uma vez que modifica o complexo de pragas a cada safra. 

Densidade de plantio: alguns insetos-pragas são beneficiados por microclimas quentes e úmidos, constantemente obtidos através do adensamento de plantas. Neste caso, o ideal é aumentar a densidade de plantio, permitindo que mais luminosidade entre no dossel da lavoura, para assim, ocorrer o controle das pragas.

Manejo de plantas daninhas: a eliminação de plantas daninhas funciona como um controle de pragas indireto, pois diversas pragas agrícolas sobrevivem de uma safra para a outra parasitando plantas daninhas, funcionando como hospedeiros alternativos para insetos. Assim, ao fazer o manejo dessas plantas, você reduz a oferta de alimento e abrigo das pragas.

Controle de Pragas Físico

O controle de pragas físico é um método que necessita de um conjunto de práticas específicas, visto que não pode ser aplicada em todos os sistemas de produção de plantas. Separamos as mais utilizadas na agricultura, confira!

Barreiras físicas: possuem o papel de dificultar o acesso dos insetos-pragas as culturas, ou seja, são plantadas espécies específicas de vegetais na direção dos ventos predominantes, instaladas telas de proteção ou utilizada embalagens de frutos para protegerem a cultura do ataque de pragas.

Temperatura: bastante utilizado em grãos de armazenamento e frutos destinados à exportação, o controle de temperatura tende a matar ou paralisar o desenvolvimento de alguns organismos danosos. O ideal é o tratamento de temperaturas acima de 45ºC ou abaixo de 4ºC, variando de acordo com a cultura.

Fogo: é o controle de pragas de maior eficiência, contudo é extremamente agressivo. Ele elimina completamente as pragas e o seu habitar, não deixando resíduos químicos, apesar disso, elimina os organismos benéficos e inimigos naturais, além de aumentar a degradação do solo.

Tecnologias para ajudar no controle de pragas 

O sucesso da produção agrícola depende da união de diversos fatores que se conectam para produzir rendimentos precisos e rentáveis. O gerenciamento eficaz de pragas é um dos componentes-chaves, afinal esses organismos podem gerar grandes danos a cultura, podendo dizimar toda uma colheita.

Por isso, os agricultores dependem fortemente de estratégias e tecnologias eficientes para localizar infestações nos primeiros estágios e minimizar possíveis danos. Separamos algumas empresas que possuem tecnologias disruptivas para ajudar diversas culturas. 

FieldIn

Fundada em 2013, a plataforma agrícola inteligente da Fieldin ajuda os agricultores a gerenciar e otimizar aplicações de pesticidas, atividades de colheita e outras operações críticas de campo. Sua equipe aproveita a intuição e a experiência do agricultor com ciência de dados para criar transparência, rastreabilidade e colaboração na fazenda.

Terramera

A Terramera é uma empresa de tecnologia limpa de agricultura sustentável, com sede em Vancouver, que cria tecnologias revolucionárias que podem resolver alguns dos maiores problemas do mundo.

Fundindo natureza e inteligência artificial, a agtech transforma como os alimentos são cultivados e a economia da agricultura para proteger as plantas e a saúde humana.

Semios

A plataforma Semios combina módulos e gateways de RF com um sistema que detecta quando as pragas estão se reproduzindo, ajudando os produtores a avaliar e otimizar sua resposta perante as pragas em tempo real. A Semios é líder em soluções de big data e análise preditiva para culturas permanentes, incluindo vieiras, nozes e frutos de árvores.

https://www.youtube.com/watch?v=bNy3YlBVXmw

Como evitar a resistência de pragas?

Quando é feita a aplicação repetitiva de um mesmo defensivo agrícola nas plantações, assim como a sua utilização em épocas e condições inadequadas, pode haver o desenvolvimento de pragas resistentes a esses produtos. Esse problema pode causar prejuízos à produtividade, levando a perdas em diversos graus na lavoura.

Dessa forma, alguns métodos são utilizados para evitar a resistência de plantas daninhas, insetos, fungos e outras doenças nas plantações. Portanto, técnicas como a dessecação antecipada, o monitoramento de pragas, o plantio de áreas de refúgio, assim como o uso de sementes certificadas e tratadas permitem o controle desses invasores.

Além disso, a introdução de novos herbicidas e métodos de controle, tal como a rotação de culturas, o manejo da irrigação e a adubação equilibrada também são eficazes nesse processo. Por fim, os métodos químico e biológico podem ajudar a tratar locais que já sofrem com resistência de pragas.Para saber mais informações sobre esse assunto, leia também o nosso conteúdo sobre manejo de resistência, que traz de forma detalhada como realizar o controle de pragas resistentes na sua propriedade!