O que é Agricultura de Subsistência e quais as características dessa prática tão comum no Brasil?

O que é Agricultura de Subsistência e quais as características dessa prática tão comum no Brasil?

Sabemos que o agronegócio possui uma grande importância para a economia brasileira, tanto se levarmos em consideração os produtos agrícolas exportados ou a utilização dos mesmos para o comércio interno e por isso ás vezes falamos pouca da agricultura de subsistência.

Entretanto, sabemos que existem práticas agrícolas que utilizam extensões de terras bem menores e que focam apenas nas necessidades de quem a cultiva, ou seja, de uma família e/ou da comunidade na qual está inserida. E essa prática é chamada de agricultura de subsistência.

Se você nunca ouviu falar sobre esse tema e gostaria de entender um pouco mais, aqui é o lugar certo! Iremos apresentar o conceito dessa prática tão utilizada no campo, suas características principais e suas diferenças diante da agricultura comercial (agronegócio).

Conceito da agricultura de subsistência

A agricultura de subsistência pode ser definida como uma prática que ocorre quando fazendeiros cultivam alimentos para atender às próprias necessidades, de suas famílias e de sua comunidade, em pequenas propriedades. Ou seja, é a agricultura para suprimento próprio e não para fins comerciais.

A visão dos agricultores de subsistência, então, é de obter alimento para sobreviver sabendo que irão ter pouco ou nenhum excedente. Assim, podemos dizer que as decisões tomadas em relação ao cultivo são baseadas no que a família precisará em períodos específicos e, em segundo plano, no preço desses alimentos no mercado. Isso, pois pode acontecer a comercialização não-formal desses produtos na comunidade na qual o agricultor de subsistência está envolvido.

Apesar da prática de subsistência englobar o cultivo de alimentos de forma autossuficiente e de serem designados para a própria sobrevivência, hoje, a maioria dos agricultores de subsistência também participam do comércio — até certo ponto.

Entretanto, os bens comercializados não podem ser considerados parte de sua sobrevivência, pois podem incluir bicicletas, roupas usadas, e assim por diante. 

Agricultura de subsistência no Brasil

A maioria dos agricultores de subsistência opera em países em desenvolvimento. O Brasil é um país que está inserido nesse contexto e, também, que possui uma grande quantidade de produtores que moram em pequenas propriedades. Portanto, essa é uma prática comum por aqui.

Essa atividade envolve aproximadamente 4,4 milhões de famílias e está sendo capaz de criar renda para 70% dos brasileiros no campo, segundo dados provenientes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Além disso, esses pequenos agricultores são responsáveis, também, por produzir 70% do feijão, 34% do arroz, 87% da mandioca, 60% do leite e 59% do rebanho de suínos, 30% dos bovinos e 50% das aves.

Características principais

Assim como o agronegócio possui características evidentes, a agricultura de subsistência também possui as possui. Aqui reunimos as principais, veja a seguir:

  • Pequeno capital destinado a produção;
  • Cultivo misto (policultura, podendo variar entre grãos, frutas e hortaliças, como citados anteriormente);
  • Uso limitado de agrotóxicos;
  • Cultivos de plantas e criação de animais sem modificações genéticas evidentes;
  • Uso de ferramentas rudimentares/tradicionais, como enxadas, arados e facões, por exemplo;
  • Os cultivos são realizados em pequenas partes dispersas de terra;
  • Baixos rendimentos em relação ao agronegócio.

Tipos de agricultura de subsistência

Assim como existem diferentes tipos de agronegócio, tal como a agroindústria, fabricantes de insumos, pecuária, etc, também existem algumas classificações para a agricultura de subsistência. Confira, a seguir, as principais!

Agricultura mutável 

Nesse tipo de produção agrícola, uma parte de terra é desmatada, através de uma combinação entre a derrubada das árvores e plantas nativas e queima, e as culturas são cultivadas. Entretanto, após 2 ou 3 anos, a fertilidade do solo começa a diminuir, pois grande parte dos nutrientes do solo são utilizados. É aí que, muitas vezes, o agricultor abandona a terra e se move para recomeçar sua produção de subsistência em um novo pedaço de terra próximo. 

Assim que a terra é deixada, a área anteriormente desmatada começa a ter sua fertilidade restaurada através de processos naturais. Após aproximadamente uma década, o agricultor pode voltar ao primeiro pedaço de terra. 

Trata-se de uma prática sustentável em baixas densidades populacionais, pois não é utilizada uma grande quantidade de recursos naturais. Entretanto, quanto mais pessoas fizerem isso, mais desmatamento será exigido e a sustentabilidade começa a ser um quesito deixado de lado, pois isso acaba por impedir a recuperação adequada da fertilidade do solo.

Apesar da técnica de agricultura mutável descrever um método de criar nova terra fértil, normalmente os produtores em questão também possuem pequenas áreas cultiváveis. Essas áreas normalmente são pequenos jardins próximos de sua casa que só passam pelo desmatamento quando há escassez nutricional no solo.  

Criação nômade 

Na criação nômade, o produtor migra com seus animais de um lugar para outro em busca de alimento para sua criação. Geralmente, esses produtores possuem gado, ovelhas e cabras para obtenção de leite, carne, pele ou lã. 

Esse tipo de criação de subsistência acontece, principalmente, nas partes do centro e oeste da Ásia, Índia, leste e sudoeste da África e no norte da Eurásia.

Exemplos de comportamentos nômades são os Bhotiyas e os Gujjars do Himalaia. Eles carregam seus pertences como tendas, por exemplo, nas costas de burros, cavalos e camelos. Em regiões montanhosas, como do Tibet e dos Andes, iaques e lhamas também são utilizados.

Diferenças entre agricultura de subsistência e a agricultura comercial (agronegócio)

A agricultura comercial, também chamada de agricultura moderna, tem foco na produção e venda de produtos cultivados, conforme a demanda do mercado. Já a agricultura de subsistência é focada em suprir demandas próprias do produtor, ou seja, não produz com o intuito de vender e lucrar.

Outra diferença que também vale citar é que os processos utilizados na agricultura de subsistência são, na maioria das vezes, rudimentares. Isso significa que existe baixo uso de tecnologia e resulta em menor eficiência em relação à agricultura comercial — que utiliza máquinas para auxiliar na escala da produção. 

Além disso, outro ponto que podemos falar é dos produtos que são cultivados. Como foi citado anteriormente, a agricultura de subsistência utiliza a policultura (cultura de produtos agrícolas diversos numa determinada área de plantio), já a agricultura comercial utiliza grandes campos para a plantação de um único produto (monocultura).

Esse é um dos pontos mais importantes dessa comparação entre agricultura comercial e a de subsistência.

Pudemos entender, então, que a agricultura de subsistência é um método alternativo e muito utilizado no campo para a obtenção de alimentos e recursos para o uso pessoal e familiar.

Para saber mais sobre o mundo da agricultura e do que o mercado exige do agronegócio, leia também o nosso artigo sobre as Exportações do Agronegócio e entenda como as exportações de produtos agrícolas influenciam na economia brasileira!

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