João Fowler | Tecnologia no Campo

Estimativas de produção e produtividade sempre foram muito importantes e norteiam a agricultura quanto a mudanças e melhorias a serem buscadas. A escolha da cultura, o tratamento de sementes, quanto e quais fertilizantes serão aplicados, a opção por um agroquímico ou outro; todas essas decisões tem como objetivo a obtenção de apenas um fim: a maior produtividade possível.

Assim, para o gerenciamento adequado de uma propriedade agrícola, nada melhor que utilizar a tecnologia a favor do produtor, obtendo dados e mapeando a área nos mínimos detalhes, que caracterizam a agricultura de precisão e uma de suas linhas: os mapas de produtividade.

Você vai ver nesse post:

  • O que são os mapas de produtividade?
  • Para que servem os mapas de produtividade?
  • Como são feitos os mapas de produtividade?
  • A importância dos mapas de produtividade na agricultura de precisão
  • Empresas que fazem mapas de produtividade

O que são os mapas de produtividade?

Considera-se produção a quantidade total produzida e produtividade toda a quantidade produzida em uma unidade, ou seja, por planta, por talhão, por hectare ou alqueire.

E, para avaliar a produtividade, é importante ter noção de algumas características da planta que afetam a capacidade produtiva, tais como:

  • genótipo: peso de grãos, o número de grãos por vagem, número de vagens por planta;
  • número de plantas por metro;
  • fertilidade do solo;
  • condição climática;
  • relevo;
  • incidência de pragas e doenças;

Dessa forma, quando se tem em mãos todas essas variáveis, é possível destrinchar as áreas de uma propriedade e gerar mapas de produtividade que indicam os fatores a serem melhorados com manejo.

Para tanto, é fundamental ter um bom software agrícola, alimentá-lo com as informações adequadas e lembrar que a agricultura de precisão, por si só, não aumenta a produtividade. Ela é uma ferramenta que auxilia na tomada de decisões e permite o manejo minucioso dos fatores que influenciam o potencial produtivo da lavoura.

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Fonte: Lavoura 10 – Aegro

Para que servem os mapas de produtividade?

Muitas vezes o agricultor se pergunta os motivos de tanta variação na produtividade de uma área para outra dentro de uma propriedade, mesmo tendo escolhido a mesma cultura e realizado os mesmos tratos culturais em todos os talhões.

Contudo, é importante lembrar que um ecossistema é influenciado por todos os fatores bióticos e abióticos em uma mesma região e, dessa maneira, pequenos detalhes acabam sendo cruciais na forma como uma planta responde aos estímulos as quais é submetida.

A simples caracterização do ambiente no qual uma planta está localizada já permite projetar variações de produtividade, como:

Áreas próximas a matas

Essas regiões, em geral, possuem uma incidência maior de pragas e doenças pelo simples fato de que as matas são habitat natural de muitos insetos pragas das culturas anuais e, normalmente, apresentam teores de umidade maiores, favorecendo o aparecimento de doenças fúngicas e, consequentemente, uma queda de produtividade;

Local de manobra de tratores

Normalmente, as beiradas dos talhões e próximos a estradas apresentam falhas de plantio e dificuldade no controle de pragas e doenças em decorrência da imprecisão do maquinário em realizar as atividades onde o acesso é dificultado e por alguns fatores que dificultam a aderência dos defensivos agrícolas nas folhas, como o excesso de poeira, por exemplo. O auxílio da tecnologia, como os drones pulverizadores, pode ser de grande valia para estes casos;

Regiões de relevo acidentado

O declive acentuado dificulta a operação de maquinário e exige práticas conservacionistas como a adoção de terraços e o plantio em nível, que amenizam a perda de nutrientes na camada superficial do solo. Dessa maneira, se comparadas à regiões planas, a perda nutricional será maior e pode influenciar negativamente no desenvolvimento da cultura;

Fundos de vale

Esses locais apresentam uma amplitude térmica maior que nos locais planos e tendem a apresentar temperaturas noturnas menores, especialmente em regiões com risco de geadas, é importante avaliar os riscos da implantação de cultivares pouco resistentes ao frio;

Como são feitos os mapas de produtividade?

Os mapas de produtividade são obtidos, basicamente, com a informação do peso de grãos e do seu teor de umidade em uma determinada área.

Para um melhor entendimento, o processo pode ser explicado através das seguintes etapas, descritas pelo Professor da ESALQ/USP, José Paulo Molin

1. Instalação de sensores na colhedora: esses sensores detectam o fluxo de massa de grãos e seus teores de umidade em uma determinada área e unidade de tempo. A variação espacial pode ser de 8 a 25 metros quadrados por coleta, o que de 500 a 1300 pontos por hectare.

2.   Os dados obtidos são interpretados por um software de agricultura de precisão que faz a interpolação dos pontos e determina cores para cada faixa de produtividade pré-definida no software.

Além disso, a constante calibração do aparelho é fundamental para obter mapas confiáveis, ou seja, o sensor deve mostrar a tonelagem de grãos em valores próximos aos que são obtidos na balança. A mudança de talhão, a diferença de cultivar e a época de plantio também são fatores que afetam a precisão do processo, exigindo a calibração do aparelho.

A importância dos mapas de produtividade na agricultura de precisão

Conforme descrito anteriormente, os mapas de produtividade são uma forma de evidenciar os resultados de todos os manejos realizados na propriedade, dentro de um sistema de agricultura de precisão que otimiza todas as práticas agrícolas com substancial economia ao produtor e preservação do meio ambiente.

E este sistema de gerenciamento oferece uma série de vantagens ao agronegócio por indicar quantitativamente os locais onde houve maior ou menor produção e, a partir de um banco de dados, entender os motivos que levaram a tais resultados.

Portanto, podemos elencar uma série de vantagens desta tecnologia e fatores que devem ser levados em conta ao utilizar um mapa de produtividade dentro de um sistema de agricultura de precisão

O desmembramento da propriedade

Mapas de produtividade permitem identificar pontos específicos de alta ou baixa produção e quais razões podem estar contribuindo para a ocorrência destes resultados, como possíveis deficiências nutricionais, relevo acidentado com maior índice de perda nutricional, erros na aplicação de agroquímicos, ocorrência de nematóides e outras pragas ou doenças.

Calibração e amostragem correta

Cabe ao produtor manter a atualização dos softwares utilizados e alimentar o banco de dados corretamente. Isso exige constante calibração dos equipamentos e escolher intervalos de produtividade com critério para não haver superestimação nem subestimação dos dados obtidos. Logo, o estudo constante das variáveis é fundamental.

Investir em conhecimento. Sempre!

A agricultura de precisão evolui constantemente e, da mesma forma, exige alta capacitação dos produtores. Quando se decide tecnificar a produção agrícola, é preciso se manter atualizado, entender os procedimentos adotados e interpretar os dados corretamente.

O software e a apresentação dos dados só serão úteis se houver uma pessoa capaz de interpretá-los corretamente e tomar as decisões de manejo levando em conta todas as variáveis que são evidenciadas.

É necessário ter paciência

Os sistemas de agricultura de precisão não fazem milagres. As correções são graduais e, quanto mais informações a respeito de ciclos produtivos anteriores, maior o controle e maior será a chance de correção de erros.

Empresas que fazem mapas de produtividade

No Brasil, a Inceres e a Agronow fornecem mapas de produtividade e diversas outras plataformas de agricultura de precisão.