Tales Bernardes / Tecnologia no Campo
O Tifton 85 exibe um elevado potencial produtivo, associado a um alto valor nutritivo, sendo, nesse sentido, considerado uma das gramíneas mais difundidos no mundo, especialmente em condições tropicais e subtropicais de cultivo, necessitando de um manejo diferenciado para que as suas características produtivas sejam expressas no seu máximo.
Você vai ver nesse post:
O que é o Tifton 85?
Desenvolvida pelo departamento de agricultura dos Estados Unidos da América do Norte em cooperação com a Universidade da Geórgia, foi lançada em 1992 e é considerado o melhor hibrido de tifiton de todos os tempos, foi desenvolvido na Coastal Plain Experiment Station (USDA-University of Georgia) em Tifton, na Geórgia, em 1992 pelo Dr. Glenn Burton.
É oriundo do cruzamento entre a Tifton-68 e uma Cynodon Dactylon aparentemente vinda da África do Sul, denominada P1 290884. São perenes e bem adaptados às condições de clima tropical e subtropical, são mais produtivos e de melhor qualidade, e são mais tolerantes ao frio.
Testes realizados constataram a produção 26% maior matéria seca e 11% a mais de digestibilidade além de maior suculência que a Coastal, que é o Cynodon spp. mais cultivado no Brasil.
Exceto por Tifton 68, é mais alto, possui hastes maiores, folhas mais largas e uma cor verde mais escuro que outros híbridos de capim-bermudas. Tifton 85 tem grandes rizomas (embora muitos menos que Coastal e Tifton 44), coroas e estolões muito grandes e rapidamente se espalhando.
Quais as características do Gênero Cynodon?
A estacionalidade de produção de matéria seca (MS) entre os meses do ano é uma das características mais desejadas pelos produtores em relação à planta forrageira. A melhor distribuição da produção durante o ano faz com que menores variações no desempenho e lotação animal em pastagens sejam observadas.
O gênero Cynodon é originário da África Tropical, de regiões (Quênia, Uganda, Tanzânia e Angola) de baixas latitudes e apresenta ciclo fotossintético C4. Ambas características típicas de plantas que vegetam bem durante o verão, mas que tem o crescimento sensivelmente reduzido nos meses de inverno.
Isso ocorre porque as gramíneas tropicais apresentam fotossíntese máxima ao redor de 30 – 35ºC e têm crescimento limitado quando as temperaturas mínimas médias são inferiores a 15ºC, sendo que as gramas bermudas começam a apresentar crescimento satisfatório do sistema radicular e parte aérea, apenas quando as temperaturas ultrapassam a marca de 15,5 e 12,7ºC, respectivamente.
Quais são as características do Tifton 85?
A tifton 85 é uma Gramínea perene estolonífera com grande massa folhear, rizomas grossos, que são os caules subterrâneos que mantêm as reservas de carboidratos e nutrientes que proporcionam uma maior resistência a secas, geadas, fogos e pastejo intensivos, sendo seus estolões médios, vigorosos, com pouca pigmentação roxa.
Os estolões, que podem crescer mais de três polegadas por dia, desenvolvem raízes e uma planta em cada nó quando a umidade do solo e as condições de crescimento são favoráveis. No primeiro ano, essas plantas permanecem na superfície do solo e raramente desenvolvem coroas. Um congelamento prolongado ou fogo pode matá-los, tornando necessário que o gramado estabeleça novamente a partir das plantas originais.
Onde e como plantar o Tifton 85?
Em áreas tropicais, os capins do gênero Cynodon apresentam elevado potencial de produção por animal e por área, e grande flexibilidade de uso, podendo ser empregados para pastejo ou conservação de forragem (feno, silagem ou pré-secado).
Por não produzir sementes viáveis, o tifton é cultivado por meio de estruturas vegetativas, os estolões. As maneiras mais comuns de implantação da gramínea são em sulcos, em covas ou a lanço.
As mudas, ou estolões, com todas as gemas (nós), podem ser cortadas manualmente, com uma enxada, ou com ceifadeira. Mudas jovens, pequenas e tenras não devem ser utilizadas porque desidratam facilmente no sulco de plantio. (Moreira, 2003). Devendo, por isso, estarem maduras e vigorosas, com cerca de 100 dias de idade, originadas de áreas livres de pragas, doenças e ervas.
Pode ser plantada tanto em regiões frias, quanto em regiões quentes de clima subtropical e tropical, ou seja, em praticamente todo território nacional, em solos arenosos, mistos e argilosos (não alagados),
devidamente corrigidos e adubados.
No plantio em sulcos, as mudas são colocadas nos mesmos, tendo como distância entre as mudas meio metro, e à profundidade de 5 a 15 cm. O melhor espaçamento é sem duvida o menor, com a finalidade de se obter melhor controle de ervas daninhas e cobertura mais rápida do solo para controlar a erosão.
No plantio a lanço gasta-se cerca de 4 a 5 toneladas de mudas para se plantar um hectare. No plantio em sulcos 2,5 t/ha são suficientes, e no plantio em covas o consumo é de 3 toneladas de mudas por hectare.
A plantação deve ser somente em solos
bem molhados por chuva ou
irrigação e a uma profundidade de
10 a 15 centímetros em solos arenosos e mistos, e de
5 a 10 centímetros em solos argilosos, em sulco ou covas, com espacejamento médio de
1 metro entre linhas e
20 centímetros entre ramas, compactando simultaneamente com os pés ou algum tipo de compactador.
Vire o solo com um arado de placa de molde, alise com uma grade de disco e plante imediatamente antes que o solo seque. Logo atrás da plantadeira, empacote o solo com um rolo pesado ou dirigindo o trator sobre o plantio para estabelecer a capilaridade no solo necessária para manter o solo úmido ao redor das plantas.
ADUBAÇÃO SUGERIDA:
DE PLANTIO – Super Simples granulado, sendo 300 kg/ha uma adubação média e 500 kg/ha uma adubação pesada ou de acordo com o técnico de sua confiança.
DE COBERTURA – Após 30 dias de plantado e com a terra bem molhada, jogar 250 kg/ha da fórmula 20-05-20 ou de acordo com o técnico de sua confiança.
Manejo dos capins Tifton 85.
Os principais objetivos do
manejo de áreas de pastagens são assegurar a longevidade e a produtividade da planta forrageira além de fornecer alimento em quantidade e qualidade para suprir as exigências nutricionais dos animais. Estes objetivos são muitas vezes conflitantes porque o ideal para o animal não seria o mais indicado para a planta forrageira e vice-versa.
Dado o característico hábito de crescimento da gramínea Tifton 85, estolonífero, são indicados para a formação de pastagens em áreas de maior declividade ou em solos de estruturação fraca, colaborando para a diminuição de problemas com erosão. Por outro lado, necessitam de áreas bem drenadas, não tolerando encharcamento prolongado. A textura do solo não se configura em um fator limitante para os Cynodons, em geral.
Preferencialmente, o Tifton deve ser cultivado em solos profundos e bem drenados, pois como a grande maioria das plantas forrageiras, as únicas limitações em termos de textura são solos muito argilosos em que ocorre grande compactação ou solos muito arenosos em que há baixa retenção de água.
De forma geral, trabalhos enfocando o manejo de Cynodons no Brasil e no exterior indicam que para todas as espécies e cultivares do gênero, o intervalo de descanso deve ser próximo dos 28 dias (4 semanas) no “verão” e ao redor dos 42 dias (6 semanas) no “inverno”, sob pena de ocorrer queda na qualidade da forragem acima desse intervalo.
No que diz respeito à altura, a saída dos animais deve ocorrer quando o resíduo estiver na faixa de 10 a 15 cm. Em algumas condições especiais, como a produção de feno ou o manejo de uma área de Tifton para sobreplantio de gramíneas de inverno como aveia ou azevém por exemplo, a altura de resíduo poderia ser um pouco mais drástica, na faixa entre 5 e 7 cm do nível do solo.
Características produtivas do Tifton 85.
Com boa fertilidade de solo e manejo adequado, o Tifton 85 comumente proporcionam produção de matéria seca superior a 20 t de MS/ha/ano, com valor nutritivo que pode ser considerado bom, ao redor de 11 a 13% de PB e 58 a 65% de digestibilidade. Apresentam ainda distribuições estacionais de crescimento mais uniformes quando comparados a outros capins.
O Tifton 85 pode fazer excelente feno. Tifton 85 feno de 1/2 semanas de idade, alimentado com 15-30% de uma ração mista total, foi comparável à alfafa em ração mista alimentada a vacas Holandesas produtoras de leite.