Sâmila Delprete | Tecnologia no Campo

A brucelose bovina é uma doença infecciosa crônica que causa grandes perdas econômicas. Manifesta-se principalmente na forma de abortos no terço final da gestação e pelo nascimento de bezerros fracos. 

Você vai ver nesse post:

  • O que é brucelose bovina?
  • Transmissão da brucelose bovina
  • Sintomas da brucelose bovina
  • Prejuízos causados pela brucelose bovina
  • Controle e prevenção da brucelose bovina
  • Vacina para brucelose bovina

O que é brucelose bovina?

A brucelose bovina é uma doença causada pela bactéria Brucella abortus, a qual infecta animais e o homem, tratando-se de uma zoonose de relevância mundial.

Como o nome da bactéria causadora sugere, a brucelose bovina é uma importante causa de aborto, algumas vezes acompanhada de infertilidade permanente ou temporária, o que acarreta enormes perdas econômicas.

Transmissão da brucelose bovina

A principal fonte de contaminação de rebanhos com animais sadios é a introdução de animais infectados. A transmissão da bactéria ocorre principalmente pela via oral (pela boca) devido a dois fatores:

  1. O hábito dos bovinos sadios de lamber, de forma que um bovino sadio pode lamber a vulva de uma fêmea doente;
  2. A ingestão de alimentos contaminados por urina de bovinos doentes, fezes de bezerros recém-nascido de vacas doentes, restos de placentas, entre outros. 

Uma grande quantidade de bactéria é eliminada durante o aborto e parto de fêmeas infectadas. Essa grande quantidade de bactéria eliminada junto à resistência da Brucella abortus no meio ambiente é fonte de infecção para os animais susceptíveis. 

A participação dos touros na transmissão da brucelose pela monta natural é pequena, pois a vagina possui barreiras que dificultam a infecção. Contudo, quando trata-se de inseminação artificial,  o sêmen contaminado passa a ser altamente infeccioso devido à técnica depositar o sêmen diretamente no útero, entretanto essa via de transmissão é incomum devido aos pré-requisitos (exames) para um touro ser doador de sêmen.

Sintomas da brucelose bovina

O principal sintoma da doença é a ocorrência de aborto a partir do sexto mês de gestação, natimortos e nascimento de bezerros fracos. Pode ocorrer retenção de placenta e infertilidade temporária ou permanente. 

Nos machos causa orquite (inflamação nos testículos) o que gera infertilidade por diminuir a qualidade dos espermatozoides.

Prejuízos causados pela brucelose bovina

  • Aborto; 
  • Repetição de cios;
  • Morte de bezerros recém-nascidos; 
  • Retenção de placenta; 
  • Queda dos índices reprodutivos; 
  • Descarte precoce de reprodutores; e
  • Restrições comerciais.

Controle e prevenção

Para controle da brucelose a estratégia mais adequada a se utilizar é reduzir os focos da doença, como:

  • Vacinar fêmeas de 3 e 8 meses;
  • Realizar exame dos rebanho anualmente;
  • Sacrificar animais doentes;
  • Isolamento das vacas que abortaram;
  • Realizar exame das vacas abortivas;
  • Retornar para o rebanho somente vacas testadas, negativas;
  • Enterrar material proveniente do abortamento, que não foi enviado para o laboratório;
  • Desinfectar com cal ou creolina todo o material que teve contato com o feto, membranas fetais e líquidos; e
  • Adquirir animais de propriedades livres da doença, comprovadas por diagnóstico.

Vacina

A vacinação é utilizada com o objetivo de reduzir a prevalência da doença a baixos custos. No Brasil a vacinação contra brucelose é obrigatória, com campanhas semestrais, de 1° de janeiro a 30 de junho e 1° de julho a 31 de dezembro.

Por ser uma vacina com organismos vivos, não pode ser aplicado por qualquer pessoa, pois pode haver contaminação do aplicador, sem preparo. A vacinação deve ser realizada apenas por médicos veterinários cadastrados no órgão fiscalizador de cada estado ou por pessoas treinadas pelo mesmo. 

Após a vacinação é necessário apresentar ao órgão fiscalizador de seu estado, uma via do atestado que é fornecida pelo médico veterinário, para o órgão fazer a validação.

A vacina B19 é a mais utilizada no controle de brucelose no Brasil. Esta apresenta características como: permitir única vacinação em fêmeas de 3 a 8 meses de idade conferindo imunidade prolongada, prevenir o aborto e causa reações mínimas após a sua aplicação em bovinos.

A vacinação com a B19 só é permitida para fêmeas de 3 a 8 meses, porque se aplicada depois desse período há possibilidade de interferência no diagnóstico da doença devido a produção de anticorpos que perduram por muito tempo. Entretanto para vacinação estratégica de fêmeas adultas existe a vacina RB51. A RB51 evita a formação de anticorpos reagentes, desta forma não há interferência nos exames de rotina. 

A vacinação com a RB51 aumenta a cobertura vacinal e por isso diminui a porcentagem de animais susceptíveis à doença, auxiliando na diminuição da taxa de aborto e, consequentemente, diminui a taxa de infecção.

A VACINAÇÃO CONTRA BRUCELOSE É OBRIGATÓRIA – PORTARIA SEDRAF/INDEA 008/2014 

Propriedades irregulares com a vacinação contra a Brucelose estão impedidas de transitar com bovinos e bubalinos machos e fêmeas de qualquer idade, categoria ou finalidade. 

É fundamental que pecuaristas, vaqueiros e técnicos tenham conhecimento da necessidade do programa de controle da brucelose, pois esta é a única forma eficiente para que o programa seja executado de maneira correta. Somente com o envolvimento de todos os indivíduos relacionados à lida (manejo) dos animais o sucesso será alcançado.

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