Tecnologia no Campo

Tivemos uma conversa com Bernardo Arnaud, empresário brasileiro na área de insumos agrícolas e de monitoramento de lavouras via satélite. Bernardo proporcionou inovação para o campo brasileiro, e nesta entrevista compartilhou um pouco de como funcionam suas empresas, como utilizar os produtos e os resultados apresentados.

Conte-nos um pouco sobre você

“Sou empresário, já trabalhei em empresas no ramo de telecomunicações e na indústria e atualmente gerencio operações nos ramos de publicidade e marketing, T.I. e sistemas e tenho duas empresas dedicadas ao agronegócio: a Novatero BioAg e a StarkSat.

Como as empresas, algumas vezes, acabam convergindo entre si, a gente recebe muitos feedbacks dos clientes em relação a várias coisas no mercado que eles não estão satisfeitos.

Com isso, a gente acaba pegando esses feedbacks e procurando ver se tem alguma coisa boa no exterior que possa levar para o Brasil, ou mesmo, se tem algo em outros estados que ainda não explodiu e procura levar para os estados com maior produção.

Eu comecei a ter contato com o agro em 2013, procurando novas oportunidades de mercado. Então, comecei a estudar por conta própria pra ver o que poderia ter de classe mundial que ainda não tinha chegado ao Brasil e que servisse para aumentar a produtividade nas lavouras, pensando em grãos, cana-de-açúcar e algodão.”

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A equipe: da esquerda para a direita – Rodrigo Moreira, diretor comercial; André Hoffmann, diretor jurídico; Ricardo Stolf, diretor financeiro; Yuri Maggi, diretor operacional e Bernardo Arnaud, Chairman of the Board

Conte-nos um pouco mais sobre a Novatero

“Após a fase de estudos que eu tive, incluindo viagens para diferentes partes do mundo, identifiquei em Israel o melhor produtor de fungos arbusculares micorrízicos, a GroundWork BioAg. (Fungos que criam uma simbiose entre a raiz da planta e o solo)

Então, negociei um contrato de exclusividade para o Brasil e alguns outros países. Em 2016 começamos as validações em território nacional, com diferentes tipos de solo, em fazendas mais tecnológicas e outras que tinham menos precisão na área de manejo, buscando ampliar o leque de tratamentos de semente a que o fazendeiro brasileiro poderia ter acesso. Em campo, os testes foram realizados com plantações de soja, milho e trigo, e em casas de vegetação nós fizemos com feijão, cevada, arroz e aveia.

O principal objetivo nos dois primeiros anos era provar que o nosso produto tinha o potencial de dar um impulso muito grande não só na produtividade da lavoura, mas também possibilitar a diminuição do uso de pesticidas.”

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Desde quando estão no mercado? Onde atuam?

“A gente tá com operação desde 2016, fundação formal em junho de 2017, com o registro completo em abril deste ano (2018). Nossa sede fica em Joinville -SC, e estamos montando nossa rede de distribuição ao longo do Brasil. Como eu te falei, em Minas Gerais e em alguns outros estados temos diversos distribuidores, buscando atender melhor as áreas de cada região.”

O que são os fungos arbusculares micorrízicos e qual a utilização?

“Os fungos arbusculares micorrízicos são fungos que criam uma simbiose entre a raiz da planta e o solo. O Rootella BR, que é o nosso produto, aumenta a resistência da planta contra estresses hídricos e climáticos, já que faz com que a raiz da planta fique mais forte e mais longa, possibilitando um maior acesso à água e aos micronutrientes retidos no solo.”

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Planta não inoculada x Planta inoculada

Como é a aplicação desse produto?

“A aplicação do produto nessas culturas é feita por encapsulamento normal da semente. Muitos produtores já possuem aquelas betoneiras ou encapsuladoras helicoidais. Se o produtor não tiver o equipamento, pelo menos um distribuidor nosso por estado tem. Com isso, consegue fazer vários hectares por hora. É preciso “adesivar” o produto na semente, algo que dá pra conferir visualmente mesmo. Recomendamos que o processo seja acompanhado por um agrônomo.”

Quem pode usar os fungos micorrízicos? Qual o retorno para o produtor?

“O produto é voltado para qualquer produtor que queira aumentar a produtividade de sua lavoura, nas lavouras para as quais temos registro. Outras estão por vir com mais validações. Como tem muita diferença de manejo e de condições climáticas, os resultados são bem amplos. Todos os resultados que tivemos envolveram pelo menos dois dígitos percentuais de melhora na produtividade.

Tivemos um cliente que teve um retorno de investimento (R.O.I.) de 4.8 vezes o investido no Rootella BR para tratar a semente da soja, com um aumento de 25% na sua produção.

Todos os casos já analisados mostraram os benefícios que o nosso produto traz, aumentando lucro, produtividade e rentabilidade.”

Conte-nos um pouco mais sobre a StarkSat

“A StarkSat surgiu da demanda de alguns produtores que fizeram os nossos primeiros testes. Estes clientes, que são grandes produtores do Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e Paraná, nos contaram sobre ferramentas de monitoramento por imagem via satélite e formas de análise dessas imagens. Após algumas reclamações e relatos de dificuldade em achar empresas qualificadas para o serviço, comecei a estudar as plataformas do mercado brasileiro e plataformas internacionais que entraram no Brasil.

Percebi então que o que eles (fazendeiros) queriam era simplicidade e resultados. Então eu percebi que precisava buscar um parceiro em rastreabilidade, além de buscar desenvolver um sistema de monitoramento para mostrar que o produto da Novatero de fato dava uma produtividade maior (o que é possível ser visto pelo índice de vegetação, de clorofila, e por uma série de outros fatores, que mostram muito claramente os resultados positivos.)

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Análise de CCCI x NDVI feita no software StarkSat

“Por exemplo, no caso específico da contagem de população de plantas, descobri que são vários os tipos de contagem usados no milho, na soja, no algodão, e no eucalipto, entre outros. Fui percebendo -já que eu não tenho essa experiência de fazenda que nem você tem né – como esses métodos são bastante imprecisos.

Então eu pensei: e se a gente conseguisse através do satélite e de um drone fazer uma contagem que tenha você até 5% de erro, entendeu? Por que o que tinha tradicionalmente na fazenda e tecnologicamente no mercado era muito falho. Chegamos em uma média de erro que é de 1,2%, 1% com o drone e nossos algoritmos para cada tipo de lavoura e floresta. Não há o problema com nuvens, e com nosso algoritmo é o melhor sistema de contagens no mundo hoje. Ao entrar na nossa plataforma, se o produtor não tem acesso a uma boa empresa de drones, nós podemos indicar – e no dia seguinte que você nos passa o arquivo, já é entregue sua análise de população de plantas.

Para encerrar e deixar o pessoal curioso, estamos desenvolvendo e pretendemos lançar até o final do ano um serviço para o monitoramento de pecuária que combate o roubo de gado, procurando deixar este serviço bem acessível para o produtor.”

Tecnologia no Campo

Bernardo ainda fez questão de dar sua opinião sobre o nosso portal, Tecnologia no Campo:

“Gosto muito do portal de vocês. Tem notícias legais e verdadeiras, agindo com bastante imparcialidade. Sei que se houvesse empresas concorrentes na minha área, vocês convidariam a todos nós para uma entrevista comparativa. Gosto muito como vocês valorizam o que é realmente importante para o produtor, medindo os prós e contras e mostrando todas as opções. Eu recomendo o Tecnologia no Campo e espero trazer mais novidades em breve. Parabéns pelo ótimo trabalho.”