Mastite bovina: entenda tudo sobre essa doença e conheça os tratamentos

Mastite bovina: entenda tudo sobre essa doença e conheça os tratamentos

Sâmila Delprete – Tecnologia no Campo

A mastite bovina ou mamite é uma das principais doenças de rebanhos leiteiros. Apresenta impacto econômico devido à queda na produção e qualidade do leite, descarte de vacas por perda de quarto(s) mamário(s) e, consequentemente, maior custo de produção. Além disso, tem importância quanto à saúde pública, devido a bactérias que podem ser perigosas à saúde humana.

Mastite Bovina: Confira o que preparamos pra você:

  • O que é mastite bovina?
  • Causas da mastite
  • Como diagnosticar a mastite no rebanho?
  • Como prevenir a contaminação de mais vacas?
  • Tratamentos para mastite

O que é mastite bovina?

Mastite bovina ou mamite é a inflamação da glândula mamária, sendo esta uma das principais doenças em rebanhos leiteiros. Pode ser causada por microrganismos (bactérias, fungos, algas e vírus), agentes químicos irritantes e traumas físicos.

A mastite bovina apresenta-se de duas formas:

  • Mastite bovina clínica: quando há ocorrência de sintomas inflamatórios no úbere e tetos, com alterações no leite (grumos, pus). O úbere pode parecer inflamado (dolorido e quente), com aumento de tamanho e avermelhado.
  • Mastite bovina subclínica: não há ocorrência de sintomas inflamatórios ou alterações visíveis no leite. Contudo, ocorre queda na produção e aumento de células somáticas.

De forma simples, a mastite clínica pode ser vista a olho nu, enquanto a mastite subclínica não.

mastite bovina

Vermelho: vacas com mastite clínica/ Roxo: vacas com mastite subclínica/ Verde: vacas sadias

Conforme Santos (2011), um dos grandes problemas da mastite bovina é sua prevalência silenciosa, ou seja, a mastite subclínica que causa perdas de até 70%, enquanto 30% é decorrente de mastite clínica.

Causas da mastite bovina:

A mastite bovina é uma doença causada por um conjunto de fatores: microrganismos, ambiente e vacas, juntamente a possíveis erros de manejo que propiciam a contaminação da glândula mamária.

Como diagnosticar a mastite no rebanho?

Um conceito importante no diagnóstico e controle da mastite é que os patógenos podem ser classificados em dois grupos: contagiosos e ambientais.

  • Contagiosos: principais fontes de infecção para o rebanho são o úbere e/ou canal do teto infectados ou lesões nos tetos infectados, de forma que a disseminação ocorre de um quarto infectado para o outro, de uma vaca para outra, durante a ordenha.

Os principais microrganismos causadores de mastites contagiosas (infecciosas) são: Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e Mycoplasma bovis.

  • Ambientais: são disseminados no solo, esterco, utensílios, água. Esses patógenos encontram condições adequadas no interior do úbere e provocam severos casos de mastite.

Os principais microrganismos causadores de mastite ambiental são: Escherichia coli e  Enterobacter spp. (coliformes fecais), Streptococcus spp., fungos, leveduras e algas.

O diagnóstico deve ocorrer o mais rápido possível, visto que a mastite pode ser transmitida entre vacas.

Os produtores podem realizar ou ter acesso a três testes:

  • Teste da caneca de fundo preto;
  • Califórnia Mastite Teste (CMT); e
  • Contagem de células somáticas (CCS).

Teste da caneca de fundo preto:

Deve ser realizado diariamente antes de cada ordenha. Nas fazendas em que são feitas duas ordenhas por dia, o teste também deve ser realizado duas vezes ao dia.

É simples, de baixo custo e permite a detecção da mastite clínica. Com isso, o produtor conseguirá começar o tratamento ainda no início da doença.

Para realizar o teste, basta ordenhar os três primeiros jatos de leite de cada teto na caneca de fundo preto e observar se há presença de grumos, pus ou mudança de coloração.

mastite em bovinosCalifórnia Mastite Teste (CMT):

O CMT deve ser realizado pelo menos uma vez por mês. É um teste utilizado para detecção de mastite subclínica e como indicador direto da contagem de células somáticas (CCS) do leite.

O leite deve ser misturado ao reagente na proporção de 1:1. Por exemplo: 2 mL de leite e 2 mL de reagente. No Brasil, a interpretação mais comum do CMT considera cinco escores:

  1. Negativo, ou seja, com ausência de geleificação (-);
  2. Reação suspeita ou traços, com geleificação suave (T);
  3. Reação positiva fraca, com geleificação suave-moderada (+);
  4. Reação positiva com geleificação moderada (++); e
  5. Reação fortemente positiva, ou seja, com geleificação intensa (+++).

Simplificando, quando mais gelatinoso, maior a intensidade da reação.

Contagem de Células Somáticas (CCS):

A CCS é realizada por laboratório especializado, credenciado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio de exames em aparelhos eletrônicos. Geralmente, os laticínios coletam amostras de leite do tanque resfriador para realização da CCS, pois este é um dos critérios para remuneração por qualidade do leite.

Além da análise do leite no tanque resfriador, alguns laboratórios fazem a análise do leite de cada vaca. Esses dados são interessantes para o produtor pois é possível ver quais vacas impactam mais negativamente na CCS total. 

Como prevenir a contaminação de mais vacas?

O manejo antes, durante e após a ordenha está diretamente relacionado à prevalência da mastite.

Veja o que você pode fazer para evitar a disseminação da doença no seu rebanho:

Linha de ordenha:

Recomenda-se que o produtor elabore (ou peça a ajuda de um profissional capacitado para elaborar) a linha de ordenha, ou seja, defina quais vacas serão ordenhadas primeiro.

Essa estratégia simples e sem custo permite a diminuição da transmissão da doença, da taxa de novas infecções e da prevalência da mastite no rebanho.

O primeiro grupo de vacas a ser ordenhado é o sadio e depois o doente. Além disto, o produtor pode se atender à ordem de lactação.  

Como montar a linha de ordenha:

  1. Vacas primíparas que nunca tiveram mastite;
  2. Vacas multíparas que nunca tiveram mastite;
  3. Vacas que já apresentaram mastite e foram curadas;
  4. Vacas com mastite subclínica;
  5. E sempre por último, vacas com mastite clínica. Essas vacas devem ser ordenhadas em latão separado e o leite descartado.

Pós-dipping:

O pós-dipping (desinfecção dos tetos após a ordenha) é um método de prevenção que deve fazer parte da rotina de ordenha, pois previne a entrada de microrganismos no úbere.

Os produtos pós-dipping agem “fechando” temporariamente o esfíncter (abertura) do teto, que após a ordenha fica “aberto” por cerca de 1h30min.

Tratamentos para mastite bovina:

A mastite clínica deve ser sempre tratada, enquanto a mastite subclínica pode aguardar o período seco para o tratamento.

Antes do início do tratamento da mastite, deve ser realizado o teste de cultivo, isolamento e antibiograma para identificar qual o agente envolvido. Dessa forma, obtêm-se resultados melhores,  redução de custos com tratamentos pouco eficientes e o problema é controlado mais rápido. A utilização de antimicrobianos/ antibióticos deve ser feita corretamente, de acordo com a recomendação profissional. Busque sempre a assessoria de um profissional qualificado.

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