Manejo de pastagem: conheça mais sobre essa prática

Manejo de pastagem: conheça mais sobre essa prática

Sâmila Delprete | Tecnologia no Campo

O potencial genético do rebanho é extremamente importante na busca de melhores índices zootécnicos e maior lucratividade na pecuária. Contudo, independente do padrão genético do rebanho, um animal só expressará seu potencial de produção se for corretamente alimentado.

O Brasil tem nas pastagens sua principal e mais econômica fonte de alimento para o gado. Desta forma, a utilização de gramíneas tropicais produtivas e o correto manejo da pastagem e do pastejo são fundamentais para a busca da eficiência produtiva.

O aumento da produtividade através da pastagem é uma meta que vem sendo buscada cada vez mais. Isto fomenta que técnicos e pecuaristas procurem métodos de manejo que proporcionem estes incrementos.

Você vai ver nesse post:

  • O que é manejo de pastagem?
  • Quais são os sistemas/métodos de pastagem?
  • Por que fazer manejo de pastagem?
  • Como fazer manejo de pastejo?

O que é manejo de pastagem?

O manejo da pastagem e do pastejo é a soma de intervenções que visa a obtenção de maior quantidade de leite e carne por área, sem prejudicar o desenvolvimento da forrageira (capim) e a qualidade do solo.   

São objetivos do manejo de pastagem e do pastejo:

  • Propiciar produção constante de capim por unidade de área;
  • Conservar a qualidade do solo;
  • Promover ao animal alimentação em quantidade e qualidade; 
  • Evitar a degradação do pasto.

agtechs-europeias.jpg (960×596)

Quais são os sistemas/métodos de pastagem (manejo de pastagem)?

O manejo da pastagem é basicamente a administração de duas necessidades conflitantes, pois as plantas precisam de suas folhas para se desenvolverem e os animais necessitam destas mesmas folhas para sua alimentação. Assim, o manejo do pastejo provoca controle sobre o animal e sobre o pasto.

Há basicamente dois sistemas/métodos de pastejo em manejo de pastagem: o pastejo contínuo (lotação contínua) e o pastejo rotacionado (lotação rotacionada).

Sistema de pastejo contínuo ou lotação contínua

Os animais ficam na mesma área de pastagem durante todo o ano (presença contínua na pastagem). Este sistema é comumente utilizado quando as pastagens são nativas ou naturais, sendo obtidas taxas inferiores de produtividade.

Sistema de pastejo rotacionado ou lotação rotacionada

Neste sistema a pastagem é dividida em piquetes e cada piquete é utilizado por vez, sendo determinados os períodos de ocupação (quando os animais estão consumindo determinado piquete, por tempo limitado) e período de descanso (quando os animais não estão em determinado piquete). Quando são utilizadas gramíneas forrageiras de alta produção, como do gênero Panicum (Mombaça, Massai Tanzânia, Aruana, Zuri, Quênia) e Cynodon (Tifton 85, Jiggs, Coastcross), este sistema é o mais indicado.

O pastejo rotacionado tem algumas modalidades. São elas:

  • Lotação rotativa convencional: é o método de sistema intermitente mais simples. Apenas um grupo de animais é utilizado durante toda a estação de crescimento do capim, estando a pastagem subdividida em piquetes em quantidade suficiente para todo o ciclo de pastejo.
  • Pastejo em faixas: No sistema de pastejo em faixas, as cercas podem ser móveis. São pré-determinadas faixas de pastejo e geralmente o período de ocupação é de um dia.
  • Pastejo primeiro-último ou ponta-repasse: São utilizados dois grupos de animais, onde o grupo com maior exigência nutricional pasteja primeiro (ponta) e outro grupo de menor exigência nutricional pasteja o mesmo piquete posteriormente. Por exemplo, vacas em lactação entram primeiro no piquete, consumindo a parte superior das plantas (mais nutritiva) e vacas secas entram depois.
  • Creep-grazing: É parecido com o ponta-repasse. A diferença são as categorias: os bezerros são o primeiro grupo e depois entram suas mães. Isto possibilita que os bezerros ainda não desmamados desenvolvam o trato gastrointestinal mais rapidamente devido à ingestão de dieta sólida de alta qualidade (pontas de folhas de piquetes que estavam em período de descanso).
  • Pastejo diferido: Neste sistema algum piquete é vedado no final da época das águas, ou seja, os animais não irão consumi-lo. Ele será “guardado” para consumo na época seca, quando ocorre escassez da produção forrageira. Além disto, permite a revigoração e ressemeio natural da pastagem. Este método também é denominado erroneamente de feno-em-pé. O termo não é correto porque ao passo que a planta permanece viva sem ser cortada, ocorrerá diminuição brusca de sua qualidade. Já o feno em si conserva o valor nutritivo da forrageira.

Por que fazer manejo de pastagem?

O correto manejo da pastagem é extremamente importante e fundamental para garantir a produtividade e sustentabilidade do sistema de produção. O bom manejo da pastagem além de propiciar maior produtividade de leite e carne, encontra-se relacionado à conservação dos recursos ambientais (evitando ou prevenindo erosões, compactação e baixa infiltração de água no solo), o que é comum em áreas degradadas ou que não tem manejo correto.

Como fazer manejo de pastejo?

O manejo do pastejo é a forma com que se permite aos animais terem acesso à pastagem, ou seja, deve-se adequar a quantidade de animais, o período de ocupação e o período de descanso.

O que deve determinar a taxa de lotação e os períodos de ocupação e descanso é o crescimento do capim. A forma mais prática de verificação é baseada na altura da planta. O manejo pela altura permite que o animal colha a forrageira na sua melhor relação quantidade x qualidade. Na Tabela 1 estão as recomendações de alturas para entrada e saída para alguns capins em sistema de pastejo de lotação rotacionada.

Tabela 1. Alturas médias (cm) do capim indicadas para entrada (pré-pastejo) e saída (pós-pastejo, sob duas condições de fertilidade do solo) dos animais em sistema de pastejo sob lotação rotativa.

Capim

Entrada

Saída (maior fertilidade)

Saída (menor fertilidade)

  Gênero Brachiaria
Marandu 25 cm 15 cm 20 cm
Xaraés 30 cm 15 cm 20 cm
Piatã 35 cm 15 cm 20 cm
Humidícola 20 cm 5 cm 10 cm
Gênero Panicum
Massai 45 cm 20 cm 30 cm
Mombaça 90 cm 30 cm 50 cm
Tanzânia 70 cm 30 cm 50 cm
Gênero Cynodon
Estrela 35 cm 15 cm 25 cm
Tifton-85 25 cm 10 cm 15 cm
Gênero Andropogon
Andropogon gayanus 50 cm 25 cm 35 cm

Marandu, Piatã e Xaraés são cultivares de Brachiaria brizantha. Mombaça e Tanzânia são cultivares de Panicum maximum. Massai é um híbrido espontâneo de Panicum maximum e Panicum infestum. Humidicola é a Brachiaria humidicola.

Fonte: Embrapa

É sempre bom lembrar da importância da consultoria técnica na fazenda, seja você pequeno, médio ou grande produtor. Um bom profissional vai conhecer os detalhes da sua fazenda e tomar as decisões corretas no manejo de pastagem.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*Os comentários não representam a opinião do portal ou de seu editores! Ao publicar você está concordando com a Política de Privacidade.

1 Comentário